O azereiro na literatura, na toponímia e na ecologia antiga portuguesa
Mighel Leitão d‘ Andrada (1553 – 1630), jurista e escritor português natural de Pedrógão Grande, contemporâneo e seguidor do Rei D. Sebastião I de Portugal relata na sua obra: Miscelânia….. – (https://purl.pt/14193/4/res-92-v_PDF/res-92-v_PDF_24-C-R0150/res-92-v_0000_Obra%20Completa_t24-C-R0150.pdf) publicada em Maio de 1629, a existência de bosques luxuriantes, nas margens do rio Zêzere na região de Pedrógão Grande, dos quais o azereiro fazia parte. Muito, provavelmente terá siso este rio que emprestou o nome à árvore que hoje conhecemos como azereiro (Prunus lusitanica).
“He este outeiro quasi todo de pedra, poré por entre ella cuberto de fresquissimo arvoredo, muita giesta brãca & amarella, & mil boninas & flores, a madresilva q nasce polas fedas da mesma penedia, & por entre ella o zenzereiro louro, & murta.”
“E he tudo quasi huma pedra, mas por entre ellas infinitas verduras diversas, muitas parras, que dellas se dependurâo; loureiros, dragoeiros, castanhos, sovaros, carvalhos, azinhos e outros muitos; e o notável zenzereiro, arvore a quem o rio deu nome, por se criar nelle grande e copado, e de folhas muito verdes de feição de louro, cujas flores são brancas, e de feição de cacho de uvas em flor, mas de tão admirável fragância de cheirosuavíssimo, que por grande espaço de sua circunferencia, e ao redor se está meixeriando entre o arvoredo”
No excerto desta obra está patente que população deste território já reconhecia o azereiro, enquanto árvore, que fazia parte dos seus bosques nativos, mesmo antes de Lineu a ter descrito cientificamente.
Texto de Alexandre Silva (CISE)