Ações de Conservação

RECOLHA E PROPAGAÇÃO DE MATERIAL VEGETATIVO (Ação C1)

 

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Ao longo do projeto, foram recolhidas cerca de 97 mil sementes dentro das áreas de intervenção do projeto. O parceiro CICYTEX procedeu a vários ensaios de germinação de espécies de arbustos sendo o medronheiro e o folhado os que maiores sucessos tiveram, assim como as espécies de carvalhos. A adelfeira foi a espécie com maiores desafios, pois não se conheciam as condições ótimas de germinação (substrato, temperatura e fotoperíodo), nem existia bibliografia. Depois de ultrapassados estes constrangimentos, a percentagem de germinação da adelfeira atingiu os 70%. No final do projeto foram entregues aos viveiros dos parceiros, em Monchique e Seia, cerca de 65 mil plantas para serem usadas nas ações de melhoria e incremento do habitat. Como complemento, foram produzidos dois manuais de multiplicação, um dedicado às espécies de carvalhos (Quercus L.) e outro sobre as espécies associadas às florestas de Laurissilva, ambos em português e espanhol. Estes manuais estão disponíveis gratuitamente no website do projeto.

 

MELHORIA E INCREMENTO DOS AZEREIRAIS NO CENTRO-NORTE (Ações C2, C4, C6 e C7)

 

Os azereirais são formações florestais dominadas pelo azereiro (Prunus lusitanica), que é uma das espécies relíquias da Laurissilva de outrora. Possui uma distribuição dispersa, mas circunscrita à Península Ibérica, Norte de Marrocos e Pirenéus franceses. É considerada em Perigo de Extinção pela IUCN (sigla em inglês da União Internacional para a Conservação da Natureza). Mais de metade de toda a população ibérica do azereiro está concentrada em áreas de relevo acidentado nas serras do interior centro de Portugal. No concelho de Seia, o território afeto aos vales das ribeiras de Alvoco e Loriga, afluentes do rio Alva é, sem dúvida, uma das principais áreas de refúgio desta árvore singular da flora portuguesa. Não esquecendo a icónica Mata da Margaraça no concelho de Arganil. Contudo, a paisagem destas serras está também marcada pela floresta de produção de pinheiro e eucalipto, áreas invadidas por plantas invasoras, e percorridas por incêndios florestais que recorrentemente devastam o centro e norte de Portugal. Face a estas ameaças identificadas, a equipa do projeto implementou várias ações concretas de conservação nas áreas de intervenção em Cabeça e Casal do Rei (serra da Estrela) e na Mata da Margarça (serra do Açor).

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Dentro da área de intervenção de Cabeça, em Seia, existe uma levada antiga outrora desativada. Estas levadas, de construção antiga e rudimentar, além de servirem para irrigar os campos agrícolas, também alimentavam alguns núcleos de azereiros. Por isso, foram restaurados 1,2 km de levada, com o objetivo de recuperar os caudais de alimentação destes azereirais.

 

 

 

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Para melhorar o estado de conservação dos azereirais, foi beneficiada a sua estrutura florística através da remoção de espécies que não faziam parte do sistema (controlo seletivo da vegetação heliófila) e da promoção das espécies características (eliminando a competição e fazendo plantações dirigidas). A vegetação heliófila (plantas típicas de habitats não florestais e que gostam de luz), para além de não integrar a composição florística do azereiral, promove o risco de incêndio (em territórios de clima mediterrânico existe uma relação entre estas espécies e a propagação dos incêndios florestais). Assim, o controlo seletivo da vegetação heliófila implementado pelo projeto, além de ter reduzido o risco de incêndio em todas as áreas de intervenção, também eliminou a competição e criou espaço para a plantação e desenvolvimento das espécies caraterísticas do azereiral. Adicionalmente, realizou-se o controlo de algumas espécies exóticas não invasoras, como os pinheiros, para recuperar áreas com potencial ecológico do azereiral e assim incrementar a sua área de ocorrência a médio-longo prazo. Contudo, este controlo foi feito de forma cirúrgica e apenas nos locais onde os trabalhos necessários não afetaram a estrutura do habitat.

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Após a gestão do coberto vegetal, quer heliófilo, quer exótico, foi possível executar plantações de espécies caraterísticas do azereiral, recorrendo às plantas produzidas pelo parceiro CICYTEX. Em algumas das áreas de intervenção, no concelho de Seia, verificou-se a presença de duas espécies com grande poder invasor: Acacia dealbata e Hakea sericea. Dada a ameaça que estes núcleos constituem para a preservação do azereiral, fez-se também o controlo destas espécies.

 

 

 

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Especial atenção foi dada às áreas adjacentes aos núcleos de azereiro, com o objetivo de reduzir o risco e a velocidade de propagação de incêndios florestais. Por isso, foram implementadas medidas que fomentam a compartimentação da paisagem e a criação de áreas tampão. Realizou-se também a recuperação de 3km de caminhos de acesso às áreas de intervenção, controlo seletivo da vegetação (heliófila e exótica) nas áreas adjacentes ao habitat-alvo, e plantações de espécies típicas dos carvalhais nativos (para a criação de tampão de folhosas).

 

 

 

MELHORIA E INCREMENTO DOS ADELFEIRAIS NO SUL (Ações C3, C5 e C7)

 

Os adelfeirais são matagais altos dominados pela adelfeira (Rhododendron ponticum subp. baeticum), um dos melhores exemplos de espécies relíquia do Terciário que ainda subsistem na Península Ibérica. Outrora, os adelfeirais tiveram uma distribuição maior e contínua no sul do continente europeu. Hoje, estão restritos a três únicas localizações na Península Ibérica: duas em Portugal (uma a Norte, na serra do Caramulo, e outra a Sul, sobretudo na serra de Monchique); e uma em Espanha (serra de Aljibe, perto de Gibraltar). São estas áreas montanhosas, com climas relativamente quentes e húmidos, elevada influência oceânica, sem geadas, mas com nevoeiros frequentes, que proporcionam condições favoráveis à persistência da adelfeira. Os adelfeirais podem ocorrer de forma espontânea em duas posições ecológicas distintas: na margem de cursos de água (posição ripícola); e nas orlas ou em sub-coberto de bosques de Quercus canarienses. O isolamento e a pequena dimensão das populações da adelfeira representam, por si só, uma ameaça à sua preservação, tornando-as especialmente vulneráveis a outras ameaças comuns que afetam a biodiversidade europeia: O fogo, as alterações do uso do solo, as alterações climáticas e as espécies exóticas invasoras. Face a estas ameaças identificadas, a equipa do projeto implementou várias ações concretas de conservação nas áreas de intervenção na Foia (serra de Monchique).

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À semelhança das ações de conservação para o azereiro, também o habitat das adelfeiras foi alvo de melhoria da estrutura florística através da remoção de espécies que não faziam parte do sistema (controlo seletivo da vegetação heliófila) e da promoção das espécies características (eliminando a competição e fazendo plantações dirigidas), quer nas áreas de melhoria da estrutura do habitat como também nas áreas de incremento (áreas onde o habitat-alvo foi fomentado, por serem áreas potenciais de ocorrência natural).

 

 

 

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Após a gestão do coberto vegetal, realizaram-se plantações com plantas produzidas pelo parceiro CICITEX. Para reduzir o risco e a velocidade de propagação de incêndios florestais nas áreas adjacentes aos núcleos do adelfeiral, foram também implementadas medidas que fomentam a compartimentação da paisagem e a criação de áreas tampão. Mais especificamente, controlo seletivo da vegetação (heliófila e eucaliptos), recuperação de áreas de folhosas já existentes (Soto antigo) e plantação de espécies típicas dos carvalhais nativos (para a criação de zona tampão com folhosas), incluindo o carvalho-de-monchique (Quercus canariensis), que é uma árvore criticamente em perigo de extinção em Portugal.

 

 

 


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