RESULTADOS DO IMPACTO NA ESTRUTURA DA VEGETAÇÃO (Ação D1)
ÁREAS COM HABITAT 5230* E ÁREAS DE INCREMENTO DESTE HABITAT
Foi possível melhorar a estrutura do habitat 5230* favorecendo a cobertura das suas plantas características em detrimento de outras cuja presença neste habitat não é significativa em situações favoráveis. A definição da lista de espécies características do habitat (espécies a manter e plantar) e das espécies heliófilas (espécies a remover) foi feita numa fase inicial do Projeto e teve por base os estudos existentes sobre a composição florística das comunidades que integram o habitat 5230* e da sua dinâmica natural. Assim, os principais resultados foram:
- Globalmente, observou-se um incremento progressivo das espécies características, embora lento, devido
ao carácter florestal do habitat; - Observou-se uma diminuição da cobertura de espécies heliófilas, com a estrutura da vegetação a tornar-se mais resistente aos fogos florestais. Nas áreas de habitat, estas espécies devem ser cortadas, pelo menos de 5 em 5 anos, até ao sistema fechar completamente. Nas áreas de incremento o ideal será o corte ser efetuado de 3 em 3 anos;
- O azereiro tem grande capacidade de instalação no terreno (acima dos 70% aos 5 anos), utilizando ecótipos locais e selecionando as suas áreas potenciais de ocorrência. Já no caso da adelfeira a instalação de novos indivíduos é muito difícil. O incremento do sucesso da sua instalação está dependente do bom desenvolvimento do sistema radicular das novas plantas, a seleção de ambientes favoráveis (voltados a N, NO e O, bastante húmidos, com alguma luz, mas não durante as horas de maior calor) e a rega durante os primeiros anos de instalação. Outras espécies com bastante capacidade de instalação são Viburnum tinus e Arbutus unedo, pelo que devem ser espécies-chave na recuperação e incremento do habitat (também porque são espécies estruturantes). Nos territórios onde existe pastoreio, as plantações devem ser efetuadas com recurso a protetores.
DIMINUIÇÃO DAS AMEAÇAS AO HABITAT 5230
Os principais resultados obtidos em relação ao controlo de espécies exóticas invasoras e à criação de áreas de bosques de folhosas para redução do risco de incêndio foram:
- O controlo de Hakea sericea, através de corte, seguido de fogo prescrito, foi de grande eficiência. Durante os primeiros anos após a intervenção ainda se encontraram germinações, mas em baixo número e facilmente removíveis;
- O controlo de Acacia dealbata através de descasque levou à morte de todos os indivíduos adultos existentes no local. Contudo, um ano depois, observou-se grande regeneração vegetativa, que tem que ser cortada regularmente até que a planta morra. O controlo desta espécie na área de intervenção, terá de ser seguido durante as próximas décadas, como acontece noutros territórios;
- A plantação de espécies típicas dos carvalhais locais, para a criação destes bosques de folhosas, foi iniciado em ambos os territórios, embora o objetivo só venha a ser alcançado daqui a vários anos. Em Monchique a plantação de quercíneas, incluindo Quercus canariensis, feita com ecótipos locais e em áreas potenciais, teve um sucesso superior aos 70% (em 5 anos). Na Serra da Estrela este sucesso foi inferior, como consequência do pastoreio e da presença de javalis nestas áreas.
RESULTADOS DO IMPACTO SOCIOECONÓMICO (Ação D2)
O impacte socioeconómico que o projeto Life-Relict teve nas áreas de intervenção foi monitorizado através de três componentes, sendo que os principais resultados foram:
- São áreas rurais, com baixa densidade populacional, idade avançada e baixa escolaridade sendo que a tendência é o abandono. Porém, o investimento financeiro do projeto nestas áreas ultrapassou os 18% do
orçamento global. Quanto ao investimento humano salienta-se que mais de 30 mil pessoas estiveram envolvidas em atividades organizadas; - Os utilizadores do website declararam que o seu conhecimento sobre o projeto melhorou muito como o
reconhecimento da importância ecológica do habitat-alvo e que recomendariam o site; - O conhecimento da população local sobre o projeto foi aumentando ao longo da sua vigência, assim como
a valoração dos serviços do ecossistema associados ao habitat-alvo.
RESULTADOS DO IMPACTO NA FUNÇÃO DO ECOSSISTEMA (Ação D3)
SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO E REGULAÇÃO DO ECOSSISTEMA
- 82% Redução da Carga Combustível. Os custos associados são inferiores aos custos dos danos causados pelos últimos incêndios ocorridos nas mesmas áreas.
- Melhoria da estrutura e função do habitat 5230*. Os táxones que mais beneficiaram das intervenções foram o azereiro e a adelfeira.
- Redução de áreas ocupadas por plantas exóticas invasoras.
- Aumento de matéria orgânica no solo, com especial destaque aos bosques de Quercíneas.
SERVIÇOS DE APROVISIONAMENTO DO ECOSSISTEMA
- Aumento na produção de medronho em cerca de 35mil kg, com o potencial económico a passar de 5.7mil euros para 32 mil euros/ano.
- Madeira com valor económico. O valor total da madeira ao final de 80 anos pode representar um acréscimo entre 434 a 592 mil euros.
- Incremento na produção de sementes das espécies de plantas assocadas ao habitat-alvo superior a 231 mil quilos.
SERVIÇOS CULTURAIS DO ECOSSISTEMA
- Turistas portugueses com mais disponibilidade a pagar pelo turismo de natureza em Monchique durante o ano de 2019 do que os estrangeiros.
- Evolução no conhecimento tradicional ecológico das populações locais sobre as espécies nativas, espécies exóticas invasoras, os subtipos do habitat-alvo, a sua localização, as características e as espécies associadas.
- Contributo positivo para o aumento do conhecimento e competência para a gestão ambiental.
- Promoção da coesão social em torno do Adelfeiral, do Azereiral e dos habitats contínuos (floresta nativa).
- Reconhecimento do valor existencial do habitat-alvo, por parte da população local.
- O Habitat-alvo deve ser conservado para que as futuras gerações o possam usufruir, declarou a maioria da população local atribuindo-lhe assim um valor de opção.
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