As áreas de intervenção do projeto Life-Relict são em Zonas Especiais de Conservação (ZEC) da Rede Natura 2000 portuguesa, sendo elas a ZEC da Serra da Estrela, a ZEC do Complexo do Açor e a ZEC de Monchique, como ilustra o mapa.
É aqui que se encontram as áreas mais representativas destas comunidades fazendo destas zonas os últimos refúgios das relíquias da Laurissilva Continental.
Conheça melhor cada área de intervenção mais abaixo.
Zona Especial de Conservação da Serra da Estrela
A Serra da Estrela situa-se na região montanhosa do centro-este do país e faz parte de uma vasta cordilheira. É uma zona de paisagem integrada no Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE), criado em 1976, sendo a maior área protegida em solo português. O PNSE compreende uma sucessão de planaltos que se estende desde a Guarda, a nordeste, até aos contrafortes da Serra do Açor, a sudoeste, no concelho de Seia. Ocupa uma área de média e alta montanha, que inclui o ponto mais elevado do território continental, a 1993 metros de altitude, e onde se observam os melhores testemunhos de uma paisagem glaciar a nível nacional.
O carácter único das zonas mais elevadas da serra e a sua situação geográfica determinam um isolamento reprodutor de populações de fauna e de flora que conduz à diferenciação em espécies, subespécies e variedades exclusivas. Em consequência, o Conselho da Europa, em 1993, designou uma área de 10 610 hectares como Reserva Biogenética, que representam aproximadamente 12% do total do Parque Natural. Reforçando a sua importância internacional para a conservação da natureza, foram designados outros instrumentos de ordenamento e gestão na área da Serra como o Sítio de Importância Comunitária, proposto para integrar a Rede Natura 2000, em 2000 e a Zona Húmida de Importância Internacional ao abrigo da Convenção de Ramsar, em 2005.
A Zona Especial de Conservação da Serra da Estrela ocupa uma superfície de cerca de 88 291 hectares e é um território situado entre os 400 e os 600m de altitude, com orientação preferencial de Oeste-Noroeste, sendo caracterizado por uma orografia definida pela Ribeira de Loriga e marcada por vales encaixados. Os substratos são de origem xistosa e o clima é marcado por temperaturas amenas, precipitações anuais elevadas e a quase ausência de geadas. Nesta área ocorrem um total de 32 habitats naturais, cinco dos quais prioritários, que dão abrigo a numerosas espécies animais e vegetais cuja conservação a nível europeu se considera prioritária, como é o caso do Azereiral, habitat alvo do Life-Relict. No âmbito deste projeto, e com o propósito de melhorar substancialmente o estado de conservação desta comunidade, serão feitas intervenções no vale de Cabeça e Casal do Rei, no sudoeste da Serra da Estrela (Cordilheira Central Ibérica), por seres estes os locais mais representativos da comunidade.
Para mais informações sobre como visitar, clique em Parque Natural da Serra da Estrela
Zona Especial de Conservação do Complexo do Açor
O complexo do Açor situa-se a sudoeste da Serra da Estrela, no centro de Portugal, e é composto por quatro áreas de importância comunitária distintas, nomeadamente a Mata da Margaraça, S. Pedro do Açor, Cebola e Fajão.
Este complexo continua a cordilheira onde se encontra a Serra da Estrela e pelas suas caraterísticas próprias compreende cerca de 14 habitat naturais e semi-naturais sendo que dois deles são considerados prioritários para a conservação, onde se inclui o habitat 5230* – Comunidades Arborescentes de Laurus nobilis, alvo do projeto Life-Relict.
Nas Matas da Margaraça e do Fajão, destacam-se as comunidades vegetais de bosques caducifólios de caráter reliquial, com elevado valor botânico e fitogeográfico. A Margaraça encontra-se localizada sobre encostas xistosas e o Fajão sobre afloramentos quartzíticos de valor geomorfológico e paisagístico.
A Serra do Açor é ainda classificada como Paisagem Protegida, situa-se no concelho de Arganil, com altitudes que oscilam entre os 400 m e os 1016 m e alberga duas áreas de especial interesse: a Reserva natural Parcial da Mata da Margaraça; e a Reserva de Recreio da Fraga da Pena.
No âmbito do projeto Life-Relict, as intervenções nesta ZEC serão dirigidas para a Mata da Margaraça, um território com marcada influência temperada, localizado entre os 400 e os 800 m de altitude e com exposição predominante de N-NW. Os Azereirais que ocorrem neste território são de extrema importância, uma vez que este é o maior núcleo populacional da espécie em território ibérico.
Para mais informações sobre como visitar, clique em Paisagem Protegida da Serra do Açor
Zona Especial de Proteção de Monchique
Monchique engloba uma serra com cerca de 902 de altitude sendo a oeste do Algarve, no sul de Portugal. Esta ZEC apresenta condições bioclimáticas e geológicas específicas, nomeadamente no núcleo central da serra de Monchique, com condições microclimáticas muito particulares, potenciando a disjunção biológica. Nesta situação ocorrem os adelfeiras (habitat prioritário 5230* na Diretiva Habitats) sob a forma de matagais altos perenifólios, dominados de forma estreme ou quase por Rhododendron ponticum subsp. baeticum, um habitat somente observável em apenas mais uma ZEC no centro do país (ZEC do Cambarinho) e alvo do projeto Life-Relict.
Na serra de Monchique é possível observar cerca de 22 habitats naturais ou seminaturais sendo cinco deles prioritários para a conservação. Em termos florísticos, é de salientar a ocorrência da subpopulação serrana do endemismo lusitano Centaurea fraylensis, espécie que se distribui por tojais e urzais baixos. É também um Sítio de ocorrência histórica do Lince-ibérico (Lynx pardinus) e que mantém características adequadas para a sua presença.
No âmbito do Life-Relict , as ações de conservação serão dirigidas para a preservação das Adelfeiras existentes no Alto da Foia. O território fica localizado na encosta Norte da Serra de Monchique e apresenta uma altitude que varia entre os 700 e os 900 m. Os solos são derivados de rochas plutónicas, nomeadamente de sienito e a área sofre uma forte influência oceânica (Hiper-oceânica), decorrente da proximidade do Atlântico.